Meu Desabafo (Elvis & Beatles)

25/02/2012 15:43

Fazendo uma pesquisa na Internet, por matérias e reportagens sobre Elvis Presley, as palavras que mais encontro são "decadente", "drogado", "ultrapassado" e "gordo". É impressionante como a grande maioria das matérias escritas por "especialistas" brasileiros são sobre os defeitos - que são sempre enaltecidos e elevados à enésima potência - ou são mentirosos e sem nenhuma preocupação com a fonte histórica, com grandes doses de maldade.

Dificilmente se encontra um artigo sobre as canções repletas de amor, com belíssimas letras; seu pioneirismo (artista escolhido para a primeira transmissão via satélite com o show transmitido para o mundo todo e visto por mais de 1 bilhão de pessoas); o primeiro cantor a ter um disco gravado em som quadrifônico - um marco na indústria fonográfica; seu talento e criatividade como arranjador; sua amplitude vocal que alcançava notas bem acima e bem abaixo da sua extensão; seus prêmios (multiplatina em discos, CDs e DVDs, Grammys e Globos de Ouro); e os estádios superlotados durante as turnês na década de 70.

Mais raro ainda é encontrar matérias sobre seu lado humano e suas virtudes tais como o carinho e o respeito para com os fãs, a educação e a humildade de um mega-astro que nunca se esqueceu da vida humilde e pobre que teve na infância e que a todos tratava com cortesia chamando de senhor/senhora; um filho exemplar que tratava a mãe como uma rainha e que tinha por ela um amor e um respeito tão grande que na gravação de um de seus filmes teve muita dificuldade em gravar a cena em que o seu personagem teria que gritar com a própria mãe e se virar e bater a porta; uma pessoa que pouco bebia e não fumava; uma pessoa preocupada com a juventude que chegou a fazer palestra anti-drogas e shows em prol dessa causa; um ser totalmente desprendido do dinheiro, o qual doava a diversos hospitais e obras de caridade e repartia com amigos e fãs em forma de presentes; um homem religioso e temente a DEUS que não tinha vergonha da sua fé e que chegava a ler a Bíblia para a platéia durante os seus shows e pedia silêncio para que todos prestassem atenção à letra durante o momento em que ele ou os Stamps cantavam música gospel; não gostava do apelido The King (o rei) e sempre declarava que somente Jesus Cristo era o Rei e durante o show do Havai se recusou, ao vivo para mais de 1 bilhão de pessoas, a ter uma coroa, feita por uma fã, colocada em sua cabeça. Ele recebeu o presente, agradeceu, mas se recusou a ser coroado.

Aqui no Brasil, Elvis foi sempre desprezado pela mídia e pelos pseudos-intelectuais, os quais sempre idolatraram e elevaram à condição suprema os quatro de Liverpool. Neste meu desabafo eu não tenho intenção nenhuma de criticar ou desconjurar este ou aquele grupo/conjunto, mas apenas traçar um paralelo e tentar entender esse ódio e desprezo pelo Elvis e o amor incondicional, cego e arbitrário aos moços ingleses. A mídia e os críticos brasileiros não se cansam de tecer elogios aos quatro cabeludos de terninhos, mas e os defeitos - que todos nós temos - eles fazem questão de esconder ou simplesmente se "esquecem". A nossa imprensa tem dois pesos e duas medida. Vejamos:

Um grupo formado por quatro jovens que viviam dopados de LSD e maconha (veja, não era de remédios); compunham letras, algumas sem nexo nenhum, que faziam apologia às drogas, à violência, ao comunismo, ao satanismo e que eram repletas de mensagens subliminares; tratavam seus fãs com indiferença e frieza; o vocalista, considerado o "cérebro" da banda, era um homem mesquinho, ganancioso, orgulhoso, mal humorado e prepotente, chegando a afirmar que ele e o grupo eram maiores que Jesus Cristo. O mesmo vocalista, que em suas composições exaltava o comunismo e imaginava uma vida "sem posses com divisão dos bens e o amor entre todos", era um ser avarento, rico, com muitas posses as quais não dividia com ninguém, e um homem dominado e manipulado por uma mulher insuportável que conseguiu separar e acabar com o sonho do quarteto inglês.

É curioso notar que o sucesso do quarteto durou o tempo em que Elvis esteve afastado dos palcos por causa do exército e das gravações de seus filmes. Em 1968, Elvis voltou aos palcos e reconquistou o seu trono do qual sempre foi dono e enquanto o quarteto se desfazia, ele reinava absoluto nos palcos.

É fácil trilhar um caminho que já foi aberto e praticamente pavimentado. É cômodo chegar depois da semeadura, após a terra ter sido arada e preparada com muito trabalho, suor e persistência e comer dos frutos que não tiveram nem, ao menos, o trabalho de colher. É muito simples chegar e imitar o que deu certo, sem terem o trabalho de quebrar preconceitos e vencer todos os desafios e dificuldades de ser o primeiro a ousar cantar e dançar como um negro, a enfrentar a censura, sofrer com a perseguição e as criticas da hipócrita sociedade da época.

Elvis é o recordista em vendas de discos/CDs. Estima-se que Elvis já vendeu mais de 2 bilhões de discos/CDs, muito à frente do segundo e terceiro colocado, que somados as vendas ainda ficam atrás de Elvis. Seus filmes e documentários em VHS e DVDs estão entre os mais vendidos no mundo (multiplatina). É a celebridade morta que mais fatura no mundo (apesar de tentarem, através de uma manobra do mercado, colocar outro em seu lugar). É o astro que tem mais imitadores/sósias por todo o mundo e a segunda imagem mais estampada no mundo, só perdendo para Mickey Mouse (que foi criando a mais de 10 anos antes de Elvis ter nascido).

O famoso quarteto não conseguiu superar Elvis nem mesmo em seu pais de origem onde Elvis reina nas primeiras posições das paradas de sucesso. Os besouros eram quatro, mas jamais conseguiram superar Elvis, que é apenas um!

Dony Augusto